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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Meu Sol de Primavera - Soneto Alexadrino


Existe algo no céu, tentação evidente 
Lá está o seu nome, e como é que lhe esqueço? 
O seu rosto aparece e ganha a minha mente 
Permanece num sonho, ama a hora que adormeço 

Navego em seu olhar e tão perdidamente... 
Mas em seguida acordo, e quem dera o começo? 
Amar é sofrimento, a saudade é fremente 
Você causou poesia, e como é que lhe esqueço? 

Surge em toda a canção, e pela vida afora 
Até em meu silêncio, e nele faz barulho 
Nascem queixas de amor, jamais irão embora 

Minto se digo adeus, e se insisto, é quimera! 
E como é que lhe esqueço? Abdico o meu orgulho... 
Assumo que é sem fim, meu sol de primavera!

Janete Sales Dany
Poema@ registrado e imortalizado
na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
no Livro: Soneto Esperança e outras
Página: 06 - Registro: 793776


Exemplo de escansão
Métrica
 Soneto Alexandrino

Sílabas tônicas que são obrigatórias na 6ª e 12ª sílaba
Sur/ge em/ to/da a /can/ção, 
e /pe/la/ vi/da a/fo/ra 



14 versos, 4 estrofes
Dois hemistíquios cada um com 6 sílabas:




De doze sílabas ou alexandrino
 Este verso compõe-se geralmente de dois versos de seis sílabas; 
porém é indispensável observar que dois simples versos de seis sílabas nem sempre fazem um alexandrino perfeito. 
Quando o primeiro verso de seis sílabas termina por uma palavra grave, a outra deve começar por vogal ou consoante muda, como o h, para que haja a elisão. Esta regra é essencial, e para ela chamamos muito especialmente a atenção dos principiantes.
Este verso alexandrino: "dava-lhe a custo a sombra escassa e pequenina"
, está certo, porque, no ponto de junção dos dois metros reunidos ,a elisão do "a de sombra com o e "de escassa é perfeita. (dava-lhe a custo a SOMbr(a es)cassa e pequeNIna)
Mas se, em vez da palavra escassa houvesse ali a palavra fraca, — o verso assim composto — dava-lhe a custo a sombra fraca e pequenina — seria um alexandrino errado, ou melhor, seria um verso de doze sílabas, formado de dois versos de seis sílabas, mas não seria um alexandrino. 
A lei orgânica do alexandrino pôde ser expressa em dois artigos: Primeiro: quando a ultima palavra do primeiro verso de seis sílabas é grave, a primeira palavra do segundo deve começar per uma vogal ou por um h; 
Segundo: a ultima palavra do primeiro verso nunca pode ser esdrúxula. Claro está que, quando a ultima palavra do primeiro verso é aguda, a primeira do segundo Pode indiferentemente começar por qualquer letra, vogal ou consoante.
Fonte:Tratado de Versificação, de Olavo Bilac e Guimarães Passos


Este, que um deus cruel arremessou à vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
— Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.

De motejo em motejo arrasta a alma ferida...
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.

Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida à toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!

E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há-de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!
Olavo Bilac, in "Poesias"

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