Princesa linda que vivia presa na torre de um castelo A única visita que a acalentava era um pássaro amarelo Nas manhãs ele chegava trazendo um pouco de emoção Ela ficava sorridente ao sentir abrandada a cruel solidão
Estava presa porque o rei tinha por ela um ciúme doentio Ela quase não sorria, pois viver assim era um grande desafio Através das grades ela observava o arco-íris depois do temporal Suspirava quando assistia cenas de amor de um belo casal
Imaginava que corria num campo aberto repleto de flores Ia colhendo e enfeitando o cabelo com todas aquelas cores No outono fitava a folha que de longe via caindo no chão Sorria ao ver as crianças que faziam da chuva uma diversão
À noite a solidão aumentava e cada estrela no céu ela contava Na escuridão o pássaro nunca aparecia e sozinha ela adormecia Sonhava com um príncipe lindo que chegava sempre sorrindo Logo de manhã, a realidade, acordava do sonho e via a verdade...
O que ainda a deixava viver era o pássaro cantando no amanhecer Escrevia bilhetes para que ele carregasse para bem distante dali Um pedido de socorro, quem dera um dia alguém pudesse a acudir! Quando o pássaro se distanciava a princesa olhava e chorava...
Ah, as nossas dores... Parecem ser tristes flores Nascidas nas ribanceiras da vida Parecidas com a única escuridão que existe E o espelho mostra o nosso olhar tão triste Então somos vítimas reclamando por compaixão Morrendo aos poucos e nos afogando na solidão Ah, as nossas dores... Parecem com um arco-íris sem as cores O mundo fica sem graça e sem razão Lágrimas descem dos olhos e entram no coração Somos sofredores numa terra repleta de sofrimento Esquecemos das estrelas brilhando no firmamento Nestas horas a nossa visão só vê um céu cinzento...