Ele estava
de um lado do rio profundo
Do outro,
havia um inimigo de olhar imundo
Como poderia
atravessar e matar o mal?
Algo que
acontecesse e parecesse acidental...
Então
decidiu que construiria uma ponte!
Queria
apagar aquele ser do horizonte...
A construção
teria que ser vagarosa
Pouco
dinheiro, para uma despesa valiosa!
E aos poucos
foi construindo o intento
Ao mesmo tempo
o olhar ficava bem atento
Nas manhãs o
homem odiado nem o percebia
Mas ele,
sim, o examinava de noite e de dia...
Trabalhava
debaixo do sol feroz
Dele, frases
de ódio nasciam na voz...
Dizia para
si mesmo:
Vou te
alcançar e vou te matar...
Ah, se soubesse
nadar, fácil, seria...
Atravessaria
a nado sem pestanejar..
Aquele ser
maldito ele destruiria!
Certo dia,
do outro lado uma mão a acenar...
O homem
odiado se ofereceu para ajudar?
Que audácia,
pensou... Ele quer é se matar!
A ponte
quase pronta e ele tão cansado...
Pisou em
falso, poxa que desalmado!
Perdeu o
equilíbrio, caiu e ia morrer afogado!
Mas o homem
do mal sabia nadar...
Pulou na
água para o salvar...
Enfim, não
morreu, o mal o salvou!!!
E nos braços
do ser malvado ele chorou...
O mal se
transformou no bem
Será que é
isto?
Quando vemos
alguém...
Enxergamos
nosso próprio espírito
Para os que
constroem pontes assim...
Saibam que
estão projetando o próprio fim!
Se amamos,
quase todo mundo é amor
Se odiamos,
qualquer um é malfeitor
Hoje já não
sei mais odiar
Temo afastar
de mim quem quer me amar...
Tenho
cuidado com que a mente me faz enxergar
Quero
construir pontes para que um abraço possa alcançar
Nas águas da
perversidade jamais saberei nadar
Que eu seja
aquele que carrega nos braços o que ia se afogar!
Janete Sales Dany
Todos direitos reservados
Poema registrado na Biblioteca Nacional
no livro "Cântico da Eternidade e outras"
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