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terça-feira, 13 de junho de 2017

Soneto: Escansão - Sílaba poética (métrica).


São dois modelos de soneto 
que eu mais aprecio:


Soneto Decassílabo Heroico
4 estrofes, sendo 2 quartetos seguidos por 2 tercetos
Versos heroicos
Um ponto importante é a métrica,
todas as linhas com 10 sílabas poéticas
Acentuação tônica na 6ª e 10ª sílabas

Soneto Alexandrino
Sílabas tônicas que são obrigatórias
na 6ª e 12ª sílaba
14 versos, 4 estrofes
Dois hemistíquios cada um com 6 sílabas


Isto serve para qualquer soneto:
Não esquecendo que na métrica poética
a contagem de números de sílabas
termina na última sílaba tônica de cada verso.

Quero apresentar a divisão silábica ( Métrica) 
destes dois exemplos de sonetos:

És dos Céus o Composto Mais Brilhante
Bocage :Soneto Decassílabo Heroico


Marília, nos teus olhos buliçosos
Ma/rí/lia/, nos/ teus/ o/lhos/ bu/li/ço/sos  
Os Amores gentis seu facho acendem; 
Os/ A/mo/res/ gen/tis/ seu/ fa/cho a/cen/dem; 
A teus lábios, voando, os ares fendem 
A/ teus/ lá/bios/, vo/an/do, os/ a/res/ fen/dem 
Terníssimos desejos sequiosos. 
Ter/ní/ssi/mos/ de /se/jos/ se/qui/o/sos. 

Teus cabelos subtis e luminosos 
Teus /ca/be/los/ sub/tis/ e/ lu/mi/no/sos 
Mil vistas cegam, mil vontades prendem; 
Mil /vis/tas /ce/gam, /mil /von/ta/des/ pren/dem; 
E em arte aos de Minerva se não rendem 
E em /ar/te aos/ de /Mi/ner/va/ se /não/ ren/dem 
Teus alvos, curtos dedos melindrosos. 
Teus/ al/vos,/ cur/tos/ de/dos/ me/lin/dro/sos. 

Reside em teus costumes a candura, 
Re/si/de em/ teus/ cos/tu/mes/ a/ can/du/ra, 
Mora a firmeza no teu peito amante, 
Mo/ra a/ fir/me/za /no/ teu/ pei/to a/man/te, 
A razão com teus risos se mistura. 
A/ ra/zão/ com/ teus/ ri/sos/ se /mis/tu/ra. 

És dos Céus o composto mais brilhante; 
És/ do/ Céus /o /com/pos/to/ mais/ bri/lhan/te; 
Deram-se as mãos Virtude e Formosura, 
De/ram/-se as/ mãos/ Vir/tu/de e/For/mo/su/ra, 
Para criar tua alma e teu semblante. 
Pa/ra/ cri/ar/ tu/a al/ma e /teu /sem/blan/te.

Bocage, in 'Sonetos'




E agora como exemplo de  Métrica 
de um  Soneto Alexandrino,
colocarei um de minha autoria:




Soneto Renascer 
Escansão" Métrica poética"
deste Alexandrino

Nasce um novo momento em que eu posso sorrir
Nas/ce um/ no/vo /mo/men/to em/ que eu /po/sso/ so/rrir
Nos meus olhos um brilho, e nunca vi na vida
Nos/ meus/ o/lhos /um/ bri/lho, e /nun/ca/ vi /na/ vi/da
O céu parece leve, a alma tenta se abrir!
O /céu/ pa/re/ce/ le/ve, a al/ma/ ten/ta /se a/brir!
Luz, em volta de mim! Entra, e sara a ferida...
Luz/, em/ vol/ta /de/ mim! /En /tra, e/ sa/ra a /fe/ri/da...

Surgem asas e avanço. O viço a me vestir!
Sur/gem/ a/sas /e a/van/ço. O/ vi/ço a/ me/ ves/tir!
Já senti dor imensa e encarei só descida...
Já/ sen/ti/ dor/ i/men/sa e en/ca/rei/ só/ des/ci/da...
Caminho feito em pedra e sempre a me ferir...
Ca/min/ho/ fei/to em/ pe/dra e /sem/pre a/ me/ fe/rir...
Procurava um socorro, uma graça na vida!
Pro/cu/ra/va um/ so/co/rro, u/ma/ gra/ça/na/ vi/da!

Hoje é belo o cenário, é como renascer
Ho/je é/ be/lo o /ce//rio, é/ co/mo/ re/nas/cer
Desce chuva de amor e entra no coração
Des/ce/ chu/va /de a/mor/ e en/tra/ no /co/ra/ção
Clarão do sol em mim, louvando o alvorecer!
Cla/rão/ do/ sol/ em/ mim,/ lou/van/do o al/vo/re/cer!

A beleza se expressa e canta o passarinho
A/ be/le/za/ se ex/pre/ssa e/ can/ta o /pa/ssa/rin/ho
Almejando emoção... Ternura na canção
Al/me/jan/do e/mo/ção/... Ter/nu/ra/ na/ can/ção
Uma essência tão livre, a florir meu caminho!
U/ma e/ssên/cia/ tão/ li/vre, a/ flo/rir/ meu/ca/min/ho!
Janete Sales Dany
Poema@registrado e imortalizado
na Biblioteca do Rio de Janeiro
No livro Soneto Manto Santo e outras


No Soneto Alexandrino, logo depois da sexta sílaba 
tônica ( cesura) do primeiro hemistíquio, começa a contagem do segundo hemistíquio.
Em cada parte devemos obedecer a regra:
 Hemistíquio com seis sílabas)
O primeiro hemistíquio pode terminar em oxítona, um exemplo:
Cla/rão/ do/ sol/ em/ mim,/
lou/van/do o al/vo/re/cer!
Ou terminar com uma paroxítona, outro exemplo:
U/ma e/ssên/cia/ tão/ li/

vre, a/ flo/rir/ meu/ca/min/ho!
Note que a elisão dos dois hemistíquios se deram
com as letras: vre, a
O primeiro hemistíquio jamais 
pode terminar com uma proparoxítona. 





O Soneto Alexandrino 
apresentado aqui tem nova versão

Obedecendo as regras: 
Terminar todos os versos com paroxítonas



 Sempre fui amante de Sonetos 
principalmente, decassílabos heroicos e os Alexandrinos, 
procurei na literatura o Tratado de Versificação, 
de Olavo Bilac e  Guimarães Passos.
Logo abaixo a referencia do site 
que obtive estas informações
Veja também um 
BELO Alexandrino de Bilac : SÓ

De doze sílabas ou alexandrino 
 Este verso compõe-se geralmente de dois versos de seis sílabas; 
porém é indispensável observar que dois simples versos de seis sílabas nem sempre fazem um alexandrino perfeito. 
Quando o primeiro verso de seis sílabas termina por uma palavra grave, a outra deve começar por vogal ou consoante muda, como o h, para que haja a elisão. Esta regra é essencial, e para ela chamamos muito especialmente a atenção dos principiantes.
Este verso alexandrino: "dava-lhe a custo a sombra escassa e pequenina"
, está certo, porque, no ponto de junção dos dois metros reunidos ,a elisão do "a de sombra com o e "de escassa é perfeita. (dava-lhe a custo a SOMbr(a es)cassa e pequeNIna)
Mas se, em vez da palavra escassa houvesse ali a palavra fraca, — o verso assim composto — dava-lhe a custo a sombra fraca e pequenina — seria um alexandrino errado, ou melhor, seria um verso de doze sílabas, formado de dois versos de seis sílabas, mas não seria um alexandrino. 
A lei orgânica do alexandrino pôde ser expressa em dois artigos: Primeiro: quando a ultima palavra do primeiro verso de seis sílabas é grave, a primeira palavra do segundo deve começar per uma vogal ou por um h; 
Segundo: a ultima palavra do primeiro verso nunca pode ser esdrúxula. Claro está que, quando a ultima palavra do primeiro verso é aguda, a primeira do segundo Pode indiferentemente começar por qualquer letra, vogal ou consoante.
Fonte:Tratado de Versificação, 
de Olavo Bilac e Guimarães Passos
clique na imagem para acessar o link
SÓ: Olavo Bilac
Este, que um deus cruel arremessou à vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
— Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.

De motejo em motejo arrasta a alma ferida...
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.

Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida à toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!

E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há-de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!


Olavo Bilac, in "Poesias"

2 comentários:

  1. Excelente explicação, uma maravilhosa aula, um dia quem sabe tento fazer um soneto...Linda tarde pra ti querida Janete.. bjs

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    1. Bom dia querida Ana Maria. Sim, tente, logo que conseguir ficará muito entusiasmada, assim como fiquei... Fico feliz que apreciou. Uma honra tê-la presente aqui no Blog. Uma semana de paz Grande abraço Volte sempre.

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