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domingo, 17 de junho de 2012

Chuva, saudade, morte e vida...

A minha casa mesmo sendo feita
com os alicerces tão fortes e vindo do meu amor
Não aguentou a chuva que veio com fúria 
e sem compaixão a arrastou
Tudo o que eu tinha conseguido em anos,
num instante a chuva levou
Eu fiquei ali inerte olhando o local 
onde ela estava antes
e que agora só a saudade ficou 

Imaginei cada ponto do lugar
e tentei montá-la de novo em pensamento
A cozinha tão pequena, mas cabia toda a família
e na mesa sorridentes 

nós repartíamos o nosso alimento
O meu quarto foi fácil de descobrir nas ruínas,
lá estavam os meus lençóis 
e todas as minhas roupas de cama
O meu maior aconchego misturado com a terra,
todo impregnado de lama
Ali eu adormecia protegida do relento,
um lugar que sempre foi de se fazer amor
com quem se ama

A sala, quase impossível não vê-la,
a TV entre os escombros 
e já não estava mais ligada
Um pouco antes da minha casa ser levada
eu assistia um noticiário dizendo 
que a chuva não estava fraca,
no qual mostrava vários lugares 
sendo levados pela enxurrada!
Eu nunca pensei que aconteceria comigo
o infortúnio de outros que eu vi na televisão,
que eu iria fazer parte dos que lamentavam
as perdas, a destruição!
O que eu obtive com meu empenho
em anos de dedicação,
em poucos segundos veio ao chão
Eu fiquei ali paralisada, observando
 tudo e completamente sem ação!

E mais desolada eu fiquei ao ver 
que além da perda material
que muito me fez chorar
Foi ver um bombeiro que no colo carregava a morte,
um amigo meu que a lama não deixou respirar
Uma imagem angustiante, 

eternizada na minha memória,
tanta desventura e tanta gente a se lastimar!

Numa noite eu sonhei que tinha voltado lá,
até coloquei a chave na fechadura 
e pude adentrar...
Nada me aparentou estar alterado,
as crianças estavam na sala a brincar!
Então eu vi uma imagem 
que aqueceu meu coração
Meu amigo ainda estava vivo,
sorriu-me quando passava na rua e 
até me acenou com a mão!
Eu pude ver a minhas fotos antigas,
abracei com ternura o meu álbum de recordação
E de tanto contentamento eu chorei e acordei...

Os sonhos não são eternos, 
nós sempre temos que voltar a realidade
Viver o dia presente, renascer a todo instante 
e ao mesmo tempo morrer de saudade!

Janete Sales (Dany)

(Poesia reformulada)

♪ Fagner - Canteiros ♫ (com legenda)

 

Imagens Google

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