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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A fortaleza de um amor verdadeiro


Rui trabalhava de pedreiro numa empreitada
Por enquanto, solteiro, mas queria uma namorada
O que ganhava era pouco e era o que atrapalhava
De dia uma luta sem trégua e à noite ele desmaiava

Certa vez, o olhar de Rui se deparou 

com o olhar de Lia
Ali surgia uma história de amor 

verdadeiro e de ousadia
Mesmo sem dinheiro eles se casaram 

da noite para o dia
E prometeram fazer a casa do sonho 

para firmar a alegria!

Ela trabalhava de lavadeira 

e ele continuava como pedreiro
E num esforço fora do comum 

conseguiram guardar o dinheiro
Rui começou a levantar os tijolos 

do seu sonho encantado
E Lia estava radiante e oferecia café 

para o eterno namorado

Os olhos dos dois brilhavam para cada 

pedacinho da casa que surgia
Juravam um ao outro que teriam vários filhos;

 outro sonho de Rui e Lia!
Almejavam o belo dia em que naquele 

pedaço de chão estariam vivendo
Lia olhava o jardim da casa e sorria, 

pois as flores estavam nascendo

A casa ficou pronta em dois anos 
e eles passaram a dormir dentro do sonho
E não demorou e eles ganharam o primeiro filho; 
bonito, sadio e muito risonho
Lia trazia o bebê quando ia trabalhar na casa da patroa,
 e danificava a mão na quiboa
As mãos calejadas de Rui mostravam a árdua labuta; 
ele continuava na mesma luta!


Certo dia os dois fizeram o que sempre faziam,
 foram trabalhar logo depois do café
Mas antes, a oração, o carinho e o beijo;
 aquela doce família vivia do amor e da fé
Era março e todos os dias as nuvens pesadas 
traziam chuvas intensas e enxurradas
Naquela tarde ocorreu uma tempestade,
 tão violenta que destruiu a linda morada!

Quando voltaram do trabalho,
Lia e Rui assistiram a cena mais difícil de suas vidas
O sonho dos dois estava no chão 
e no jardim não restou sequer uma margarida
As lágrimas desciam sem nenhuma compaixão;
era muita amargura para o coração
O silencio só era cortado pelos pingos da chuva 
e pelo grito sem fim da decepção

Rui olhou para os olhos tristes da amada 
e com muita força segurou uma das mãos
E prometeu que ainda não era o final daquele afeto,
pois só a casa veio ao chão!
O vento derrubou todo o sonho, levou o teto, 
e no jardim não deixou nenhuma flor
Mas a chuva não arruinou o crucial, 
se chovesse mil anos não destruiria aquele amor!

Janete Sales Dany

Todos os direitos reservados
Registrado e imortalizado na Biblioteca Nacional
do Rio de Janeiro no livro:
"Sonho ser uma ventania 
e não sou" e outras
Registro: 634722
Página: 25



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O trabalho A fortaleza de um amor verdadeiro de Janete Sales Dany está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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