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quarta-feira, 5 de maio de 2021

CARPINTARIA ALEXANDRINA


Soneto alexandrino? Encanto em cada verso...
Na rima brinda o som com pura primazia,
repleto de lirismo – o pranto do universo.
Exponho em cada estrofe a vida que vivia.

Qualquer palavra chula esqueço e, assim, disperso...
Costuro na emoção um traje que extasia.
Preciso do rigor, senão terei o inverso,
então será somente a livre poesia.

Às vezes, a cesura exibe-se imperfeita,
jamais vacilo, apago a imprecisão sem dó.
Soneto não parece o ramo de um cipó,

que segue se envergando e nunca se endireita.
É necessário ter enorme disciplina,
se quero o alexandrino ornando a minha sina...

Janete Sales Dany
Soneto@todos os direitos reservados
Registrado na Biblioteca Nacional:(696/22)
no livro Presença de Jesus e outras
Conteúdo autoral, 
protegido pela Lei 9.610/98, arts.18 e 24.

O trabalho CARPINTARIA ALEXANDRINA de Janete Sales Dany está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Soneto Alexandrino:

Vídeo declamacão
Explicando as regras:
 Logo depois da sexta sílaba 
tônica ( cesura) do primeiro hemistíquio, 
começa a contagem do segundo hemistíquio.
Em cada verso devemos obedecer a regra:
 Hemistíquio com seis sílabas)
O primeiro hemistíquio pode terminar em oxítona:
Costuro na emoção um traje que extasia.
Costuro na emo/ção/ um traje que extasia.
Ou terminar com uma paroxítona: 
repleto de lirismo – o pranto do universo.
repleto de liRIS/mo – o/ pranto do uniVERso.
O primeiro hemistíquio jamais 
pode terminar com uma proparoxítona.
ATIVIDADE ABRASSO
SONETO METALINGUÍSTICO 
ALEXANDRINO
FALANDO SOBRE SONETO
Soneto exemplar, 
do grande mestre Olavo Bilac:
 fonte de inspiração para a atividade!

VANITAS

Cego, em febre a cabeça, a mão nervosa e fria,
Trabalha. A alma lhe sai da pena, alucinada,
E enche-lhe, a palpitar, a estrofe iluminada
De gritos de triunfo e gritos de agonia.

Prende a idéia fugaz; doma a rima bravia,
Trabalha... E a obra, por fim, resplandece acabada:
"Mundo, que as minhas mãos arrancaram do nada!
Filha do meu trabalho! ergue-te à luz do dia!

Cheia da minha febre e da minha alma cheia,
Arranquei-te da vida ao ádito profundo,
Arranquei-te do amor à mina ampla e secreta!

Posso agora morrer, porque vives!" E o Poeta
Pensa que vai cair, exausto, ao pé de um mundo,
E cai - vaidade humana! - ao pé de um grão de areia...

Olavo Bilac, in "Poesias"





Olavo Bilac e Guimarães Passos
 Tratado de Versificação 

De doze sílabas ou alexandrino 

Este verso compõe-se geralmente de dois versos de seis sílabas; porém é indispensável observar que dois simples versos de seis sílabas nem sempre fazem um alexandrino perfeito. Quando o primeiro verso de seis sílabas termina por uma palavra grave, a outra deve começar por vogal ou consoante, como o h, para que haja a elisão. Esta regra é essencial, e para ela chamamos muito especialmente a atenção dos principiantes. Este verso alexandrino: dava-lhe a custo a sombra escassa e pequenina, está certo, porque, no ponto de junção dos dois metros reunidos ,a elisão doo a de sombra com o e de escassa é perfeita. Mas se, em vez da palavra escassa houvesse ali a palavra fraca, — o verso assim composto — dava-lhe a custo a sombra fraca e pequenina — seria um alexandrino errado, ou melhor, seria um verso de doze sílabas, formado de dois versos de seis sílabas, mas não seria um alexandrino. A lei orgânica do alexandrino pôde ser expressa em dois artigos: 

1° quando a ultima palavra do primeiro verso de seis sílabas é grave, a primeira palavra do segundo deve começar per uma vogal ou por um h; 

2° a última palavra do primeiro verso nunca pode ser esdrúxula. Claro está que, quando a última palavra do primeiro verso é aguda, a primeira do segundo, pode indiferentemente começar por qualquer letra, vogal ou consoante. Alguns poetas modernos, desprezando essa regra essencial têm abolido a tirania do hemistíquio. Mas o alexandrino clássico o verdadeiro, o legitimo, é o que obedece a esse preceitos. O verso alexandrino é o mais difícil de manejar, e erige uma longa e persistente pratica. 


OBSERVAÇÕES 1ª Os versos podem estar certos na medida, repetimos, mas podem não ter melodia. Convém evitar as palavras de difícil encaixe, que são as de pronunciação custosa. Evitem-se igualmente as cacofonias, intoleráveis na prosa e muito mais nos versos. Assim também os hiatos. 

Os poetas portugueses abusam das figuras de que já falamos, quando escrevem F’liz, por feliz; mol, por mole; ou esp’rança, por esperança. Todas as palavras cabem no verso sem mutilação, tenha o metrificador cuidado, pericia e paciência, sem o que não fará bons versos. As más rimas são imperdoáveis.  


Fonte:Tratado de Versificação,

de Olavo Bilac e Guimarães Passos
clique na imagem para acessar o link
SÓ: Olavo Bilac
Este, que um deus cruel arremessou à vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
— Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.

De motejo em motejo arrasta a alma ferida...
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.

Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida à toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!

E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há-de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!


Olavo Bilac, in "Poesias"

Soneto exemplar, 
do grande mestre Olavo Bilac:
 fonte de inspiração para a atividade!

VANITAS

Cego, em febre a cabeça, a mão nervosa e fria,
Trabalha. A alma lhe sai da pena, alucinada,
E enche-lhe, a palpitar, a estrofe iluminada
De gritos de triunfo e gritos de agonia.

Prende a idéia fugaz; doma a rima bravia,
Trabalha... E a obra, por fim, resplandece acabada:
"Mundo, que as minhas mãos arrancaram do nada!
Filha do meu trabalho! ergue-te à luz do dia!

Cheia da minha febre e da minha alma cheia,
Arranquei-te da vida ao ádito profundo,
Arranquei-te do amor à mina ampla e secreta!

Posso agora morrer, porque vives!" E o Poeta
Pensa que vai cair, exausto, ao pé de um mundo,
E cai - vaidade humana! - ao pé de um grão de areia...

Olavo Bilac, in "Poesias"

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