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domingo, 29 de junho de 2025

METAMORFOSE DA DOR

Entesto a solidão que aos poucos me arrebata,
convicta, quero enfim viver o meu destino,
chorar, seguir ao léu e, assim, ser insensata,
depois reflorescer, mudar de figurino.

Faz tempo que perdi meu riso repentino,
quando anoitece, abraço a dor que se dilata,
insólita, que só me leva ao desatino,
tão minha, contumaz, que se tornou inata.

Em cada amanhecer a natureza chora,
imita com louvor os cânticos de outrora,
ostenta a falta hostil e o meu olhar se eleva

em busca do que fui e não existe mais,
assim pranteio o chão perene dos mortais
e o céu do meu viver se transfigura em treva!

Janete Sales

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