"Trompas do sol, borés do mar, tubas da mata..."
calem-se, quero enfim viver o meu destino,
chorar, seguir ao léu e, assim, ser insensata;
depois reflorescer... mudar de figurino.
Faz tempo que perdi o riso cristalino,
quando anoitece, abraço a solidão ingrata,
insólita, que só me leva ao desatino,
então exponho ao mundo a dor que me maltrata!
Em cada amanhecer a natureza chora,
imita com louvor os cânticos de outrora,
ostenta a falta hostil e o meu olhar se eleva...
em busca do que fui e não existe mais,
e, assim, pranteio o chão eterno dos mortais,
"entre o pudor da tarde e a tentação da treva."
Janete Sales Dany
TRILHA DE SONETOS LXXXIX-
"SONATA DO CREPÚSCULO",
DE OLAVO BILAC
ATIVIDADE FÓRUM DO SONETO
Regra: compor Sonetos transcrevendo no verso 1 e no verso 14 os versos de Olavo Bilac, referentes ao soneto "SONATA AO CREPÚSCULO", sendo livres o ritmo, o esquema rimico e o desenvolvimento do mote.
Verso 1:
"Trompas do sol, borés do mar, tubas da mata"
Verso 14:
"Entre o pudor da tarde e a tentação da treva."
Sonata ao Crepúsculo
–Olavo Bilac
Trompas do sol, borés do mar, tubas da mata,
Esfalfai-vos, rugindo, e emudecei… Apenas,
Agora, trilem no ar, como em cristal e prata,
Rústicos tamborins e pastoris avenas.
Trescala o campo, e incensa o ocaso, numa oblata.
Surgem da Idade de Ouro, em paisagens serenas,
Os deuses; Eros sonha; e, acordando à sonata,
Bailam rindo as sutis alípedes Camenas.
Depois, na sombra, à voz das cornamusas graves,
Termina a pastoral num lento epitalâmino…
Cala-se o vento… Expira a surdina das aves…
E a terra, noiva, a ansiar, no desejo que a enleva,
Cora e desmaia, ao seio aconchegando o flâmeo,
Entre o pudor da tarde e a tentação da treva.
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