"Gargalha, ri, num riso de tormenta,"
melhor fingir que tem o que queria,
do que mostrar a falta de alegria
e a imensa solidão que lhe acorrenta.
Gargalha eternamente e, assim, aguenta
a ausência do prazer que anestesia
as dores dessa triste travessia,
sempre martirizante e tão cinzenta!
No picadeiro, esperam seu sorriso,
a arte de apresentar o paraíso,
mesmo sentindo as dores do fracasso!
No picadeiro, só se considera
a intensa permanência da quimera...
"Ri! Coração, tristíssimo palhaço."
Janete Sales Dany
Atividade
FÓRUM DO SONETO
TRILHA DE SONETOS XCI -
"ACROBATA DA DOR",
DE CRUZ E SOUSA
Regra: compor Sonetos transcrevendo
no verso 1 e no verso 14 os versos
de CRUZ E SOUSA
referentes ao SONETO parnasiano
"ACROBATA DA DOR",
sendo livres o ritmo, o esquema rimico
e o desenvolvimento do mote.
Acrobata da Dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...
E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Cruz e Sousa
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