"Hoje que a mágoa me apunhala o seio,"
relembro dos enganos do passado,
ações que me roubaram todo o esteio,
por isso sempre sigo inconformado.
Sinto que o meu olhar está vendado,
somente me sobrou o devaneio,
o mundo me ensinou a ter cuidado,
piso com medo no terreno alheio.
Depois das alvoradas sem louvor,
enfrento cada dia sem cobrança,
pois já me acostumei com minha herança!
Depois das alvoradas sem amor,
enfrento a imprecisão que me invalida,
"mas que no entanto me alimenta a vida."
Janete Sales Dany
O trabalho ENFRENTAMENTO - Soneto Decassílabo de Janete Sales Dany está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Regra: compor Sonetos transcrevendo
no verso 1 e no verso 14 os versos
de AUGUSTO DOS ANJOS,
referentes ao SONETO
parnasiano "SAUDADE"
Saudade (Augusto dos Anjos)
Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.
À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.
E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,
Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.
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